Empatia e paciência na arte de ensinar

Luiza Fernanda
31 de ago. de 2016
3 min de leitura

CulturaMix

A arte de ensinar é mais do que mostrar o que é certo ou errado; e impor não é obrigar a fazer, buscando atenção pelo volume vocal! Não basta amar o que se faz, se não souber como faz! É preciso saber, claramente, para qual direção você está caminhando; com qual propósito; a partir de quais referenciais teóricos; com a revisão constante de suas crenças e de seus pensamentos. Um bom professor não aumenta sua voz, ele melhora seus argumentos, estuda para entender e ir além da imaginação das crianças, não fazendo de usos agressivos na hora de ensinar. Devendo estimular a curiosidade sobre a magia de aprender, porque transmitir conhecimento é uma tarefa árdua, complexa e envolve diversos conhecimentos, que não são possíveis serem adquiridos apenas em cursos de formação continuada. Como defende Paulo Freire, ensinar é um ato político, e é nele que o profissional pode se revelar um importante mediador e agente transformador. Ou, então, somente como um transmissor de conhecimentos não refletidos, nem questionados. Um bom professor não se baseia somente em ensinar as crianças buscando seus objetivos. Ele se mostra capaz de aprender com elas, obtendo a capacidade de manter a mesma energia por elas produzidas. As crianças sentem quando os professores não estão envolvidos, optando algumas vezes por se comportarem de forma nada convencional, gritando, correndo, desatentos. Quando o professor sabe lidar com paciência, mostrando suas expectativas, acaba conquistando a confiança e encorajando-as a enfrentar novos desafios, os orientando para a direção correta.

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A maior recompensa para um professor é ver o quanto os seus alunos progrediram e aprenderam ao longo do tempo, seja em qualquer âmbito de trabalho, na sala de aula, na quadra, na piscina, no campo. Não é local onde se aprende, e sim, como se ensina. Quem se lembra do que Alice, no país das maravilhas, perguntou ao gato num determinado momento de sua caminhada? - “Gatinho, para que direção devo seguir?”, o gato, depois de pensar um pouco diz: “se você não sabe qual direção deve seguir, qualquer caminho serve!”. É disso que estamos falando! Por isso é fundamental que os professores, educadores, estagiários e pedagogos saibam diferenciar o brincar do alfabetizar. Uma frase comum e ouvida por todos nós é “pare de brincadeira”, como se as brincadeiras infantis não tivessem seus propósitos, e não fossem coordenadas por uma lógica real. Essa força de expressão pode estar se referindo a alguma fala ou ação das crianças, provavelmente expressada como forma de negação, que parece separar o sujeito daquilo que quer fazer, um olhar típico de professores mal formados em conhecimentos sobre educar.

Segundo Freire, todo educador deve acreditar que é possível ocorrer mudanças. Todos devem participar da história, da cultura e da política. Ninguém deve ficar neutro, nem estudar por estudar, pois somos mediadores de uma nova formação social, na tentativa de formar crianças autônomas, críticas e protagonistas da sua própria história, para que não se tornem pessoas heterônomas.

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Tanto Piaget quanto Vygotsky informam que, no jogo e no brincar, a criança consegue submeter-se às regras como fonte de prazer. Esse autocontrole interno sobre o conflito, entre o seu desejo e a regra da brincadeira, é uma aquisição básica para o nível de sua ação real e para a modalidade adulta futura. Se brincar faz parte do jogo da vida, precisamos levar essa vida com toda brincadeira, para que o jogo de aprender diminua o abismo que separa o mundo adulto do infantil. Precisamos nos abrir, descobrir o prazer de ensinar e aprender. E poder ouvir no final da tarde aquela deliciosa frase acompanhada de um belo sorriso: EU CONSEGUI PROFESSORA. Nada mais gratificante nessa arte de ensinar!