As nuances da infância roubada

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No meio do caminho tinha-se um sonho Tinha-se a exploração no meio do caminho

Os dois versos poderiam ser mais uma das criações do modernista Drummond, mas é a apenas uma releitura. As pedras deram embreagens a vida real. Que adulto na digressão de voltar ao passado não lembra das peripécias da infância. Os tombos, as brincadeiras da turminha do bairro, as aulas de artes, educação física, os 15 minutos de recreio, a hora do lanche. Correria pura. A docilidade que acerca os primeiros anos deve se fazer presente em todas as instâncias. É no ato de brincar que ela conhece o mundo.

Criança trabalha na esperteza de observar o adulto, por isso suas reproduções no querer ser quando crescer: professor, advogado, jogador de futebol, médico, mecânico, músico, são tão espertas que adapta mini lousas e papéis em sala de aula, campos de bairro em grande campeonato futebolístico, controle remoto em microfone.

E quando esse estágio de apropriação do mundo adulto se torna palco da realidade na infância? Tudo acima citado se tornam fábricas de utopias. Norteado pelo artigo 60 do ECA ( estatuto da criança e adolescente ) condiz que menores de 18 anos não deve exercer função trabalhista, salvo na condição de aprendiz e seguindo todos os parâmetros do direito a profissionalização e a proteção no trabalho. Entretanto muitas crianças acabam trabalhando sem seguir as normas do ECA em que muitas delas deixam o caminho da escola, dos campinhos, para ir em direção ao caminho das ruas, na tentativa de auxiliar nas despesas de casa.

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As cores do campo e das áreas urbanas se misturam na exploração infantil, ao encontrar crianças e adolescentes nos semáforos, nas fábricas, fazendas, em áreas de prostituição, no narcotráfico, ou até mesmo dentro de casa, tendo que cuidar dos afazeres domésticos e dos irmãos enquanto os pais tentam colocar aquele arroz que subiu segundo a inflação. Privando-os de toda educação e sensibilidade de ser criança, não por escolha, mas por necessidade.

"Cerca de 3,3 milhões de crianças e adolescentes, entre 5 e 17 anos, estão em situação de trabalho infantil no Brasil, segundo levantamento feito pela Fundação Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedo)"

A situação financeira é o que leva em sua maioria o alto índice da desproporção. O outro lado da barbárie fica nos ombros de uma parcela significativa da população, em que as atividades laborais de crianças e adolescentes são vistas com bons olhos.

A desculpa é a seguinte: “melhor vê-las trabalhando do que nas ruas”, alguns esquecem que a exploração não se encontra tão explicita assim, um segundo argumento dos “formadores de opiniões” , é que o trabalho dignifica o homem, esquecendo-se que a dignificação tem tempo de execução. E que brincar, sorrir, estudar também dignifica e transforma.

Muitos dos que trabalham dividem o seu tempo na escola, mas essas estão propensas a desistir. A outra parcela, nunca saberá o que é estudar, e muito menos o ato de brincar. Os danos psíquicos são claros, talvez os mais devastadores, já os físicos estarão presentes no olhar cansado e imersos na tristeza, as mãos cravejadas na cruz da sociedade, o sorriso, esse só existirá no final de alguma tarde quando as chamas do fogão estiverem acessas.

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O trabalho infantil deve ser monitorado e seguido fielmente o que propõe as normas do ECA, para que assim o jovem cresça profissionalmente sem afetar seu rendimento escolar e familiar, além de proporcionar uma capacitação com cursos profissionalizantes, fora isso o trabalho infantil se torna exploração, pois assim nenhum direito poderá ser garantido ao jovem.

Na escola querida sociedade eu quero poder está. No meu bairro eu quero brincar. Deixe-me ser aquele cantor desafinado no banheiro. Deixe-me viver a minha infância. Roubes o meu medo, não tires a minha liberdade.

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